Uma no cravo, outra na ferradura
O Cravo
No pátio do colégio, Maria e seus olhos azuis foram até João e disse:
– João, o que você vai ser quando crescer?
João, tomado de assalto (Maria não andava muito com ele), bateu de pronto, rápido e destro, língua de florete:
– Quando crescer... quero ser vento, só para tocar seu corpo sem que tu percebas...
****
A Ferradura
Foram 50 reais. Uma hora. O suor escorria pelo rosto e se misturava com o cheiro estranho de mirra que dominava o lugar... nem ligava, arfava; Os olhos, revirados, batiam nas sedas e rendas vermelhas e pretas. Vieram o apartamento vazio, a solidão, um verso de Poe que falava sobre a morte... O copo de água benta da santa mexia na cabeceira. Um abajur apático iluminava o canto esquerdo da cama. Quando... Jamais contará para ninguém. Enquanto beijava-lhe o pescoço, pensou em perguntar: “Você me ama?”. Segurou a lágrima.
No mesmo momento, ecoou-lhe por dentro Ave Maria, de Schubert.
No pátio do colégio, Maria e seus olhos azuis foram até João e disse:
– João, o que você vai ser quando crescer?
João, tomado de assalto (Maria não andava muito com ele), bateu de pronto, rápido e destro, língua de florete:
– Quando crescer... quero ser vento, só para tocar seu corpo sem que tu percebas...
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A Ferradura
Foram 50 reais. Uma hora. O suor escorria pelo rosto e se misturava com o cheiro estranho de mirra que dominava o lugar... nem ligava, arfava; Os olhos, revirados, batiam nas sedas e rendas vermelhas e pretas. Vieram o apartamento vazio, a solidão, um verso de Poe que falava sobre a morte... O copo de água benta da santa mexia na cabeceira. Um abajur apático iluminava o canto esquerdo da cama. Quando... Jamais contará para ninguém. Enquanto beijava-lhe o pescoço, pensou em perguntar: “Você me ama?”. Segurou a lágrima.
No mesmo momento, ecoou-lhe por dentro Ave Maria, de Schubert.