vendredi, juin 24, 2005

Uma no cravo, outra na ferradura

O Cravo

No pátio do colégio, Maria e seus olhos azuis foram até João e disse:

– João, o que você vai ser quando crescer?

João, tomado de assalto (Maria não andava muito com ele), bateu de pronto, rápido e destro, língua de florete:

– Quando crescer... quero ser vento, só para tocar seu corpo sem que tu percebas...

****

A Ferradura

Foram 50 reais. Uma hora. O suor escorria pelo rosto e se misturava com o cheiro estranho de mirra que dominava o lugar... nem ligava, arfava; Os olhos, revirados, batiam nas sedas e rendas vermelhas e pretas. Vieram o apartamento vazio, a solidão, um verso de Poe que falava sobre a morte... O copo de água benta da santa mexia na cabeceira. Um abajur apático iluminava o canto esquerdo da cama. Quando... Jamais contará para ninguém. Enquanto beijava-lhe o pescoço, pensou em perguntar: “Você me ama?”. Segurou a lágrima.
No mesmo momento, ecoou-lhe por dentro Ave Maria, de Schubert.

4 Comments:

Blogger Sérgio said...

Gostei bastante. Gostei muito mesmo!

6:56 PM  
Blogger Sérgio said...

Você quer participar da Rádio? Me manda o teu e-mail com o qual você está cadastrado no Blogger; aí eu lhe mando o convite e quando você abrir no seu "Dashboard"; aparecerão dois links: o seu, do Cabaré e o da Rádio.

Saluti!

5:34 AM  
Anonymous Anonyme said...

Incrível!

9:37 AM  
Anonymous Anonyme said...

Ambos maravilhosos ... enquanto lia "O Cravo" voltei pra minha infância e me vi no pátio do meu colégio ... que delícia!!
Beijos
Rose

10:26 AM  

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