dimanche, décembre 11, 2005

Reflexões e o domingão gordo

sunday comes and sunday goes
sunday always seems to move so slow
to me - here she comes again
a perfect ending to a perfect day
a perfect ending what can i say
to you - lonely sunday friend
with you - sunday never ends

Sunday – Sonic Youth

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Tinha que entregar uma monografia... Esbaforido com o trabalho e com as necessidades tão pouco necessárias do cotidiano, cavuca a folha que o professor entregara. Lembra-se de que era alguma coisa sobre Tolstoi, oh! Deus!
A seu lado, passa uma senhora cujo sorriso, de tão velho, já é memória. Ela estende a mão, e ele, corado, aperta o passo com a cara enfiada na mochila.

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Domingo tem essa cara de velha obesa vibrando com o Raul Gil...

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Um amigo recém-desquitado perguntou-me o que os solteiros fazem nos fins de semana. Disse que costumo trancar-me no quarto, beber cerveja, ler Fernando Pessoa e chorar, muito, mordendo o travesseiro.

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...percebo-te à frente da chuva do estio: a meio-passo de perda, e meio-sonho, em meio-fio.

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Se futebol é o ópio do povo, ideologia é a toca dos trouxas.

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É tarde, mas vale: Tetracampeão! Tetracampeão! Tetracampeão!

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Gosto muito de ler a Veja, porém, apenas no banheiro. Sou dos que não separam a leitura do ofício crítico.

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E lá vem o Inter reclamando... Andam dizendo que tudo se deve ao fato de existir um complô do Sudeste contra o Sul e coisas que tais e O Tempo e o Vento e memoriais. Que me desculpe Érico Veríssimo, mas tem que ser gaúcho mesmo para ter todo esse complexo de rejeição.

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- O que passa?
- Anda doendo, doutor, doendo...
- Deixe-me dar uma olhadela, coisa rápida!

O doutor franze o sobrolho. Num repente, o ar torna-se penoso e preocupado.

- O que é doutor? Vamos, fala homem!
- Sinto dizer-te, filho, é Brasil!

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Agora é oficial! Viver faz mal à saúde! Descobriram-me uns empecilhos no fígado. Vou ter de procurar algo a mais para me consolar nos fins de semana. A pinga já me corrói os órgãos.

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O momento forte do trabalho nessa sexta-feira foi o comentário da mais nova revisora a respeito de um papel de iogurte que está grudado há séculos no lixo ao lado de sua mesa... Todos riram... Eta, vidinha de merda meu Deus!

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E agora, uma questão: dá para agüentar a vida sem pinga?

3 Comments:

Blogger Sérgio said...

Sou partidário do álcool... é tudo uma grande merda...

1:15 PM  
Blogger Unknown said...

sou mais profunda. dá pra viver sem ela? se dá, ainda não descobri porque a melancolia não deixou. e o fígado que vá às favas por Deus!

2:22 PM  
Blogger Rubens da Cunha said...

interessantes estes breves relatos, mordazes e tristes, assim como a vida.
abraços
rubens

9:07 AM  

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