Fisiologia da moral: um ensaio
Ela tinha aquela curiosidade mórbida, presa ao detalhe, típica de engenheiros, terapeutas e leitoras de revistas de fofoca. Jamais se dava por contente com explanações simples, ou panorâmicas, a respeito de um tópico, qualquer que fosse. Gostava de aprofundar, cavar, diria, mesmo, futucar a vida alheia; uma verdadeira gulodice pelo pormenor. Certo dia quando estávamos a sós, disse-lhe:
- Vai, vira e me dá o cuzinho!
- Nossa que isso?!
- Ah, vá! Agora vem com falso pudor?
- Mas, assim, na lata...
- Uai, mas não é você a que retalha a carne da vida, exibindo-lhe as veias, em sangue e química?!
- Ah... Mas, no amor, meu bem, no amor, até para dar o cu tem que ser sublime...
- Vai, vira e me dá o cuzinho!
- Nossa que isso?!
- Ah, vá! Agora vem com falso pudor?
- Mas, assim, na lata...
- Uai, mas não é você a que retalha a carne da vida, exibindo-lhe as veias, em sangue e química?!
- Ah... Mas, no amor, meu bem, no amor, até para dar o cu tem que ser sublime...
2 Comments:
clap clap clap!
sublime. como sempre.
sua personagem é assinante de caras?
Ha, ha! Adorei. Podemos incluïr na nossa Antologia uma peça, acho que você daria um ótimo dramaturgo!
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