lundi, novembre 14, 2005

Sobre o fim

Em uma segunda qualquer, Deus, escriba sem estética, resolveu, enfim, rasgar sua obra; um Flaubert já o teria feito há tempos. Enredo sem lirismo, propósito, fechamento.
Ligo para a flor de dezoito anos que cortou meus fios de suicídio com um sorriso. Deixo um recado, em que simples digo fácil o que foi uma flor sorrir para mim. Fechamento. Digo à minha mãe que a amo, como ela sempre quis ouvir. Ela chora. Abraço meu pai. Cúmplices; ternura rija. E o Corinthians? Fechamento. Ligo para os poucos amigos. Choramos ao telefone; corretos, não querem deixar suas companheiras. Fechamento. Vou à praia. Ligo o som. Pego umas cervejas que trouxe e sento-me na areia. Sempre disse que seria feliz quando eu pusesse sentar-me à praia ao meio-dia de uma segunda-feira, tomando cerveja. Feliz? Fins não precisam de adjetivos. Basta o fechamento.

2 Comments:

Blogger Sérgio said...

Salve, meu caro. Foste à praia no feriado da República?

6:00 AM  
Anonymous Anonyme said...

Sim, fins não precisam de adjetivos...

Fátima

7:10 AM  

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