lundi, décembre 03, 2007

Anotações de um amor vagabundo

A segunda-feira nasceu com um sol que de tão claro oprime; hoje anseio a sombra. Olho pela janela, lavo o rosto e ligo o computador. Aperto o peito e engulo, seco, meu amor vandalizado.

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Objetividade é ficção com estatística.

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O amor aumenta com a alegria do inimigo.

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Motivos, admito, são vários. Para falar a verdade, pedimos. Entregamos nosso coração aos podres, e estes – ah estes, meu bem! – não perdoam. Acreditamos, como pessoas simples que somos, em promessas e cantos de sereia.
Esquecemos que nosso valor é o trabalho, pois amamos o gosto do suor, o jorrar do sangue, e não o júbilo fácil. Fomos presas de moedeiros falsos e de uma mídia festeira. Acreditamos, Deus... Será pecado acreditar?

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Também fizemos mal em pensar que só o amor bastava. Nesse mundo tão planejado, o coração não entra na planilha.

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Ironicamente, soa o canto de Camões, mais verdadeiro que nunca e, de alguma forma, redentor:

Ao desconcerto do mundo

Os bons vi sempre passar

No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.

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Hoje, somos a carniça do mundo, mas somos tratados como se fossemos a única.

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Creio ser errado, apenas, apontar o dedo à massa. Ela cantou, sofreu... e continuará cantando, sofrendo.
Pena de mim não precisa: eu não caí... Caíram comigo; o mundo virou de ponta cabeça.

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Os amores que ficam são os mais cachorros: indolentes, pidonhos, bravos e fiéis. Tenha calma, pois, das cinzas de meu coração brutalizado, nascerá a aurora de vossa redenção, Corinthians...