L´ouvrier du poète, ou uma educação sentimental.
Num desses dias de verão nos quais o calor consegue superar nosso senso crítico, eu e meu irmão espéravamos, calangamente, pelo ônibus. Como a espera certamente não nos poderia trazer nada de proveitoso, fixávamos nossa atenção nos mais variados detalhes externos, por mais estúpidos que fossem, até que meu irmão, com a picadia própria da adolescência, chamou-me a atenção para uma cena no mínimo pitoresca: um desses cães vira-latas, cheio de amor para dar, tentava, de todas as formas possíveis, "galantear" uma possível consorte, para, com isso, criar a oportunidade, digamos, da fecundação. A cadela resistia bravamante a toda e qualquer investida de nosso varão, sem, no entanto, tomar a distância necessária para acabar de vez com suas esperanças; algo como "gosto do jeito como me olhas, mas somos apenas amigos". Presenciando o desenrolar da cena, meu irmão não resistiu e disse:
– Olha, Jé! O cachorrinho quer transar!
Ao que, assertivamente, num repente, ponderei:
– Sim, sim, vejo... E, pelo andar da carruagem, dentro em breve, a cadela morderá o pescoço de nosso Quixote felpudo, ele voltará para casa com o rabo entre as pernas e escreverá um poema sobre o assunto.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
– Olha, Jé! O cachorrinho quer transar!
Ao que, assertivamente, num repente, ponderei:
– Sim, sim, vejo... E, pelo andar da carruagem, dentro em breve, a cadela morderá o pescoço de nosso Quixote felpudo, ele voltará para casa com o rabo entre as pernas e escreverá um poema sobre o assunto.
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2 Comments:
ahahhahahaaaa
vc é realmente foda!
beijo da gorda
vc sumiu!
eu não gosto...
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