mercredi, décembre 20, 2006

Pensatas

"O sofrimento, por exemplo, não é admitido nos vaudevilles, eu sei, sofrimento é dúvida, é negação, e o que vale um palácio de crital do qual se possa duvidar." Fiódor Dostoyévsi. Memórias do subsolo, p. 48.

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Receio que minha aspiração ao abstrato – o ultraje à semântica que vez ou outra aplico, com fúria ou estudo, a meus escritos – flerte com o artificial; sai a poesia, entra um "jogral do cérebro". O problema não é entendimento, é comunicação. Sei que em nossos tempos é difícil dizer, mas sinto, ou temo, que seja preciso.

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Afinal de contas, se o que quero da vida é sofrer, não será isso felicidade?

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De 2006, não esquecer: o despretensioso lirismo dos sambas de antigamente.

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Por outro lado, quem quer sofrer? Não será a tristeza um vício? Como aquela mulher bonita que te deu bola, e que te faz pensar que nenhuma outra mulher no mundo vai olhar para você be novo.

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buscar:
o ritmo do vento, rasgado,
retirado de entranhas de flores.
o ritmo do rio, vário,
vazado em sendas do espaço,
em pétalas de finos sabores.

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Um exercício para fazermos: dizer. O dizer em arte alimenta-se de um dizer não artístico, polêmico, um dizer político. Esse dizer de ação cria reações, outros dizeres, redizeres: pontos, anti-pontos, contrapontos. De acordo com esse ponto de vista, um mundo politicamente correto (o nosso) não vai criar porra nenhuma mesmo.

1 Comments:

Anonymous Anonyme said...

Oh, sim, sim. Estive pensando, há cerca de um ano e meio, que é mesmo impossível, inexato, vão e desnecessário dizer o que quer que seja num mundo em que tudo é retumbantemente, irremediavelmente banal.
Resta-nos, talvez, matar o tempo. Tudo isso é muito triste. Mesmo. Se você ainda sente uma vontade firme, insistente de "dizer", acho que estou, então, diante dum afortunado. Pense que daqui a 40 anos, talvez, ninguém possa mais entender do que você está falando. Uma merda, não?

6:17 PM  

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