Eleições e meu estômago
Não sou petista. Fui. O PT mostrou-se um partido a mais. Uma social-democracia de cores um tanto mais vermelhas, talvez. É um partido que esqueceu a que veio, se um dia o soube. Rendeu-se às travas burocráticas e, o mais duro, fisiológicas de Brasília. Não merece meu voto.
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O PT deu a chance para que ratos já arqueológicos da política brasileira voltassem: o PSDB e seu bom-mocismo cara de pau, junto com o PFL e seu mau-caratismo vigilante, orgulhoso. Pior, deu bala à dupla. Pior, no caminho, criou toda a sorte de rancores e desconsolos (Heloisa Helena e Cristovan Buarque). Pior, mostrou-se amador, quase todo o tempo.
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O PT mereceu o resultado deste último domingo. Não soube ler os desejos que lhe foram confiados. Não soube controlar a sede de certos ratos internos pelo poder (todo partido os tem). Não soube controlar as crises. Queimou líderes, bandeiras. Sobrou o Lula. Espero, então, que o PT saiba ler o que foi escrito nas urnas.
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Agora, é difícil ouvir certas coisas, ainda mais para um esquerdista ressentido e amargurado como eu. É difícil (Deus como o é!) ver um partido como o PSDB posar de salvador da pátria. É a volta do bom-mocismo escroto e engomado de gente que olha para quem lhe deu o voto com asco, bom-mocismo escroto e engomado de gente que nunca trabalhou, que nunca pegou ônibus, metrô, que nunca fez contas no fim do mês, que nunca passou por apertos ou necessidades, que nunca ficou desempregado. É a volta do dondoquismo Daslu. É a volta da gente formada na USP, bem educada e – pior, a meu ver – sem a pseudo-erudição malandra e engraçada de um FHC, só o estilo gerentão do Dr. Chuchu.
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É triste. A memória é curta. Os salvadores são pessoas que cultuam um Serjão (lembram do Sérgio mota?). Aquele que recebia “visitas especiais”, no Ministério da Comunicação, de pessoas que concorriam nos processos de privatização e (que coincidência!) essas pessoas ganharam! Lembram-se da reeleição? Lembram-se de que o governo não conseguia passar nada no congresso? Mas, vejam só, conseguiu, com muito esforço, passar a reeleição... Soube-se depois que dinheiro rolou por ali, muito... E a estratégia foi similar a adotada, agora, pelo PT: FHC não sabia de nada. Em último lugar, quem não se lembra de FHC (ele mesmo!) falando, ao telefone, que gostaria de que o consórcio de Fulano de tal ganhasse a Vale do Rio Doce... E, que lindo, foi justo esse consórcio que ganhou! É triste...
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Cruz ou espada?
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Os países subdesenvolvidos, historicamente, entraram atrasados no grande esquema capitalista produtor de riquezas e, no capitalismo é assim, se você chegou por último, se fodeu! Por isso, às vezes até produzimos riquezas, mas elas vão para bem longe...
Nos países subdesenvolvidos, não há elite industrial para fazer investimentos, esse papel fica com o Estado. O Estado é o grande motor. O Estado constrói as grandes empresas e corporações. As privatizações roubam isso de você, por uma ninharia, e dão, de mão beijada, para outrem.
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Se quisessem mudança de verdade, votariam na Heloísa, ou no Cristovan...
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E, enfim, a magna escrotice: a questão não é projeto, a questão é que o Lula parece pobre. Onde já se viu, um cara que já foi trabalhador chegar a presidente! É isso o que pensam... Lula fez tudo o que eles quiseram, tudo o que eles fariam... Beijou a cruz e continuou se fodendo! Basta acompanhar a imprensa.
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E quer saber, meu pai é metalúrgico, e eu, antipeessedebista...
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Meu pai, num bar, quando eu tinha seis anos:
– Só tenho isso a ensinar: nunca, nunca confie em quem usa gravata!
E eu abanei minha cabeça toda melada de Eskibon.
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O PT merece perder, mas o PSDB não merece ganhar.
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O PT deu a chance para que ratos já arqueológicos da política brasileira voltassem: o PSDB e seu bom-mocismo cara de pau, junto com o PFL e seu mau-caratismo vigilante, orgulhoso. Pior, deu bala à dupla. Pior, no caminho, criou toda a sorte de rancores e desconsolos (Heloisa Helena e Cristovan Buarque). Pior, mostrou-se amador, quase todo o tempo.
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O PT mereceu o resultado deste último domingo. Não soube ler os desejos que lhe foram confiados. Não soube controlar a sede de certos ratos internos pelo poder (todo partido os tem). Não soube controlar as crises. Queimou líderes, bandeiras. Sobrou o Lula. Espero, então, que o PT saiba ler o que foi escrito nas urnas.
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Agora, é difícil ouvir certas coisas, ainda mais para um esquerdista ressentido e amargurado como eu. É difícil (Deus como o é!) ver um partido como o PSDB posar de salvador da pátria. É a volta do bom-mocismo escroto e engomado de gente que olha para quem lhe deu o voto com asco, bom-mocismo escroto e engomado de gente que nunca trabalhou, que nunca pegou ônibus, metrô, que nunca fez contas no fim do mês, que nunca passou por apertos ou necessidades, que nunca ficou desempregado. É a volta do dondoquismo Daslu. É a volta da gente formada na USP, bem educada e – pior, a meu ver – sem a pseudo-erudição malandra e engraçada de um FHC, só o estilo gerentão do Dr. Chuchu.
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É triste. A memória é curta. Os salvadores são pessoas que cultuam um Serjão (lembram do Sérgio mota?). Aquele que recebia “visitas especiais”, no Ministério da Comunicação, de pessoas que concorriam nos processos de privatização e (que coincidência!) essas pessoas ganharam! Lembram-se da reeleição? Lembram-se de que o governo não conseguia passar nada no congresso? Mas, vejam só, conseguiu, com muito esforço, passar a reeleição... Soube-se depois que dinheiro rolou por ali, muito... E a estratégia foi similar a adotada, agora, pelo PT: FHC não sabia de nada. Em último lugar, quem não se lembra de FHC (ele mesmo!) falando, ao telefone, que gostaria de que o consórcio de Fulano de tal ganhasse a Vale do Rio Doce... E, que lindo, foi justo esse consórcio que ganhou! É triste...
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Cruz ou espada?
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Os países subdesenvolvidos, historicamente, entraram atrasados no grande esquema capitalista produtor de riquezas e, no capitalismo é assim, se você chegou por último, se fodeu! Por isso, às vezes até produzimos riquezas, mas elas vão para bem longe...
Nos países subdesenvolvidos, não há elite industrial para fazer investimentos, esse papel fica com o Estado. O Estado é o grande motor. O Estado constrói as grandes empresas e corporações. As privatizações roubam isso de você, por uma ninharia, e dão, de mão beijada, para outrem.
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Se quisessem mudança de verdade, votariam na Heloísa, ou no Cristovan...
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E, enfim, a magna escrotice: a questão não é projeto, a questão é que o Lula parece pobre. Onde já se viu, um cara que já foi trabalhador chegar a presidente! É isso o que pensam... Lula fez tudo o que eles quiseram, tudo o que eles fariam... Beijou a cruz e continuou se fodendo! Basta acompanhar a imprensa.
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E quer saber, meu pai é metalúrgico, e eu, antipeessedebista...
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Meu pai, num bar, quando eu tinha seis anos:
– Só tenho isso a ensinar: nunca, nunca confie em quem usa gravata!
E eu abanei minha cabeça toda melada de Eskibon.
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O PT merece perder, mas o PSDB não merece ganhar.
4 Comments:
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Que posso dizer? Assino em baixo e, por mais que me doa, o voto do próximo turno é não para o PT, mas sim anti-PSDB. E sábio o seu pai. Gente de gravata não presta.
Houve uma época, Jeff, em que não se podia entrar num banco sem gravata. Essa exigência, parece, durou até meados dos 1960. Meu pai, que as detestava, andava com uma no bolso especificamente para que o acesso não lhe fosse negado. Já o meu avô paterno era velho e quadrado demais para prescindir delas, ainda que muito pobre. Tenho umas poucas fotos dele, tiradas em Alexandria e no Cairo, sempre devidamente engravatado. Não abandonou o hábito quando chegou aqui, e acho mesmo que, quando morreu, estava trajando uma delas. Ele não era exatamente um canalha, embora tenha acreditado nas falácias fascistas; por isso, foi encarcerado durante anos pelos ingleses.
Eu não sei se confiaria no meu avô. A única coisa que sinto, hoje, a distância, sem tê-lo conhecido, é pena.
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