mercredi, mai 17, 2006

só me sobrou o lado esquerdo
esse lado que grita,
que chora,
em pouca coisa acredita,
sempre o primeiro a ir embora.

mas, o que tem de fuga e não-estar na questão de cantar
o lado esquerdo?
sem o passo popular ou
o ponto-e-vírgula acadêmico,
é o que me resta,
sangue crasso e vida infame,
o olho fixo no mar,
essa palavra com derrame.

saúdo o sol e, com bom grado,
sua coroa,
mas a luz de nada vale ao cego,
assim como o vácuo vaza, tesoura,
o canto que o poeta entoa.

só me sobrou o lado esquerdo,
o lado que grita,
não se engana,
que para diante da vida
e pergunta:
para que tanta tripa, para que tanta gana?



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1 Comments:

Anonymous Anonyme said...

Desilusão ... essa é a palavra que me vem a mente!?
Bj

8:20 AM  

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